Brasil x Argentina – O Super Clássico no Mineirão

Brasil x Argentina – O Super Clássico no Mineirão

Crônica do jogo por Luciano Luiz

Sim, assim se define o encontro entre Brasil e Argentina. Rivalidade, história, tradição, raça, técnica e tudo mais que possa se associar a este esporte tão belo e apaixonante.

Em outros segmentos são países absolutamente distintos, desde as densidades geográficas a costumes, cultura, política, etc. Mas no futebol é uma paixão muito particular que esses países levam para dentro e fora do campo. São povos riquíssimos em tantas coisas mas que insistem em serem escravos dos resultados do futebol para ostentarem orgulho.

E assistir este clássico acaba sento tudo isso também para nós jornalistas que nos contaminamos com o mesmo sentimento e através de um casco frágil de pudor e ética buscamos nos abster de quaisquer conceito ou afirmação imparcial e irracional.

Brasil e Argentina é gostoso de se torcer, de se ver, reportar, assistir ou relatar.

As vezes nem é tão bom tecnicamente mas Brasil x Argentina faz com que o futebol bem jogado seja apenas um adorno deste grande evento.

E o de hoje não é diferente, desde as primeiras horas da manhã os torcedores andam pelas ruas e bares de Belo Horizonte ostentando suas camisas e um bom humor que contagia inclusive os que nem ligam tanto para futebol. Todos tão confiantes que as vezes me pego querendo marcar rostos e segui-los após o término do jogo. Não para vê-los tristes mas para aprender com os mesmos as próximas músicas, desculpas e uma postura que jamais os deixa abater. Assim é Brasil x Argentina.

Vamos para o jogo...chegou a hora.

Equipes se aquecendo no gramado, escalações confirmadas e vamos de Alex Sandro.

Gritos nas arquibancadas, provocações...Agora vamos de Super Clássico.

Lá vem eles....Daniel Alves a frente de amarelo, Lionel Messi a frente de branco. Atrás deles outros importantes jogadores mas muito mais que isso, milhares de corações e sonhos enlouquecidos neste grande jogo.

Times perfilados  e no hino da Argentina boa parte do estádio não respeitou e vaiou. Isso não é legal mas lembra o que eu disse...É Brasil x Argentina.

E teve hino a capela...como diz a letra de se ouviu um POVO BRADO RETUMBANTE. Que momento.

Rola a bola.

Jogo começa com uma Argentina pegando forte e o Brasil buscando mais o gol. Pela qualidade das equipes ninguém se atira ao ataque de qualquer maneira e as subidas de lado a lado são bem estudadas por todos os setores do campo.

A arquibancada dá o tom do jogo e empurra o Brasil que toca com muita cautela e qualidade.

O arbitro equatoriano já teve que chegar forte junto a jogadores argentinos pois as faltas estão aumentando de frequência e de disposição. E com menos de dez minutos o primeiro cartão amarelo para Alejandro Tagliafico. Talvez agora a coisa dê uma segurada.

Brasil segue forte buscando o campo de ataque, enquanto a Argentina busca nos contra ataques os lançamentos de Messi para Martinez e Aguero.

Gol do Brasil...do jeito que essa seleção gosta, com uma bola muito bem trabalhada e após triangulações e uma excelente troca de passes Roberto Firmino encontra Gabriel Jesus sozinho na cara do gol. Armani pulou somente como protocolo. Bola na rede e torcida em festa. Brasil 1x0.

Assim como a partida diante do Peru a seleção brasileira cresce quando tem o resultado a seu favor. O time fica mais leve e mais confiante, assim como os argentinos que já sabiam das dificuldades do encontro se tornam bem mais frágeis e nervosos na busca do empate.

Esporadicamente chegam ao ataque mas o Brasil se torna mais perigoso, principalmente pelas jogadas nas beiradas do campo.

Messi até busca acelerar a saída argentina mas o meio de campo com Arthur e Casemiro, que esta de volta após cumprir suspensão contra o Paraguai esta quase perfeita. Importante é ver uma a seleção com uma postura muito séria e comprometida ao sistema tático desenhado pelo treinador.

Apita o árbitro, fim de primeiro tempo. Jogo bom e o Brasil na frente.

Intervalo em Belo Horizonte.

E olha só quem aparece no gramado. Cercado de seguranças e assessores, eis que o Presidente da República, Jair Bolsonaro entra para saudar a massa. Entre algumas vaias o Mineirão enlouquece com os gritos de “Mito, Mito” e ele retribui indo literalmente para a galera. Sobe em dois acessos do campo para as arquibancadas e chega a pegar uma bandeira do Brasil e rodar como se fosse mais um apaixonado e enlouquecido torcedor. Momento histórico em um estádio de futebol, gostem ou não gostem, não é normal ver um político com tanta coragem e carisma junto as pessoas e olha que ele foi vítima de um atentado quando ainda em campanha andava no meio de populares no meio da rua. Mais uma história para um BRASIL X ARGENTINA.

Opa, equipes voltando para campo e o Brasil vem com uma substituição. Sai Everton e entra Willian na seleção. Eis que a massa na arquibancada é o retrato do povo e vais são ouvidas.

E eu no alto da tribuna me pergunto: “Não estaria muito cedo para começar a fechar a casinha”?

Os quarenta e cinco minutos finais dirão.

E o que era óbvio se transformou em fato. Sem o drible fácil e a surpresa a cada lance os comandados do técnico Tite ficam mais previsíveis e aliado a necessidade por estar atrás no placar os argentinos chegam mais ao campo de ataque.

Aos poucos os brasileiros buscam compensar os prejuízos da substituição com a qualidade do toque de bola do jogador Willian e a força coletiva do time.

Uhllllllllll.....com pouco mais de dez minutos da segunda etapa, Messi pega a bola de frente para o gol e do jeito que ele sabe fazer tão bem dribla vários jogadores e chuta na trave, na sobra bate cruzado e quase sai o gol de empate.

Os Hermanos acordam nas arquibancadas e a festa fica cada vez mais bonita e emocionante. É Brasil x Argentina.

Marquinhos sente uma contusão e sai de campo. Miranda vem para seu lugar. O torcedor grita o nome de Marquinhos.

A Argentina segue pressionando e o Brasil é só defesa. Messi começa a se soltar e a Argentina começa a martelar a meta do goleiro Alisson.

Falta para eles...Messi para bola e Alisson faz bonita defesa. Um lance que tem a assinatura de seu preparador e goleiro tetracampeão Taffarel. Preciso, seguro e sem firulas.

O placar eletrônico anuncia o público e a renda em Belo Horizonte. Quase cinquenta e seis mil pessoas para quase dezenove milhões de reais no cofre da Conmebol.

Gol do Brasil...Contra ataque perfeito, Gabriel Jesus vai com técnica e força pela esquerda e como se estivesse nas ruas da zona norte da capital paulista tocou para o meio onde Roberto Firmino só teve o trabalho de encostar o pé na bola e explodir o Mineirão. Brasil 2x0 !!!

Argentinos ficam nervosos e o clima esquenta dentro do campo. Membros da comissão técnica dos Hermanos quase invadem o gramado.

Brasil tenta diminuir a euforia da arquibancada com a valorização da posse de bola e Tite que já tinha tirado Everton no intervalo para a entrada de Willian vai fechar ainda mais a sua casinha. Sai Gabriel Jesus e vem Arthur para o jogo.

A tônica não muda e o Brasil começa a usar o desespero argentino para tocar mais a bola e deixar o tempo passar.

Chegamos aos quarenta e cinco minutos de jogo e o árbitro assinala mais quatro e a torcida vai ao delírio com a troca de passes do Brasil e os gritos de “Olé, Olé”.

Argentinos desolados e um Brasil extremamente sóbrio. Uma vitória com V maiúsculo.

Fim de jogo. Brasil esta na final.

Jogadores e titulares se misturam em um grande abraço, enquanto isso boa parte da comissão técnica da Argentina vão para cima da arbitragem para suas reclamações protocolares. Não há o que contestar, hoje o Brasil foi melhor e soube ganhar do seu maior rival.

É amigos, vai chegando ao final mais um Super Clássico e tivemos sim um grande jogo. Duas seleções que jogam um belo futebol, que buscam o gol e brindam a todos que realmente gostam do esporte. Mas como somente um pode vencer, outro tem que perder.

E nesse novo capítulo da vasta história que possui Brasil x Argentina, chegamos ao término com a vitória do lado verde e amarelo. Valeu Brasil, estamos na FINAL.

Encontro marcado, domingo as 16:00 horas no Rio de Janeiro.

Até lá e Vibra o Continente.

Luciano Luiz