FIFA e OMS lançam campanha

Coronavírus no Mundo

27/05/2020  

A FIFA, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Comissão Europeia uniram forças para lançar a campanha #SafeHome (#CasaSegura) e oferecer apoio a mulheres e crianças em risco de sofrer violência doméstica. A campanha é uma resposta conjunta das três instituições ao recente aumento das denúncias de violência doméstica no momento em que as medidas para que todos fiquem em casa para prevenir a propagação da COVID-19 expuseram mulheres e crianças que sofrem abusos a um maior risco.

Quase uma entre três mulheres em todo o mundo sofrem violência física e/ou sexual por parte de um parceiro íntimo ou violência sexual por parte de outros durante a sua vida. Na maioria dos casos, essa violência é cometida por um parceiro em casa – de fato, até 38% de todos os assassinatos de mulheres são cometidos por um parceiro íntimo. Também estima-se que um bilhão de crianças entre 2 e 17 anos de idade (ou metade das crianças do mundo) sofreram negligência ou violência física, sexual ou emocional no ano passado.

Há muitas razões pelas quais se perpetra a violência doméstica, incluindo a desigualdade de gênero e normais sociais tolerantes com a violência, vivências de abuso ou a exposição à violência durante a infância e um controle coercivo durante o crescimento. O uso prejudicial do álcool também pode desencadear a violência. Situações estressantes, como as que estão sendo vividas durante a pandemia de COVID-19 e a instabilidade econômica, aumentam o risco. Além disso, as atuais medidas de distanciamento adotadas em muitos países dificultam que mulheres e crianças entrem em contato com a família, os amigos e os profissionais de saúde, que, de outra forma, poderiam oferecer apoio e proteção.

"Juntamente com a Organização Mundial da Saúde e a Comissão Europeia, estamos pedindo à comunidade do futebol que gere uma conscientização a respeito desta situação intolerável, que ameaça especialmente mulheres e crianças nas suas próprias casas, lugar em que deveriam se sentir felizes, seguras e protegidas", disse o Presidente da FIFA, Gianni Infantino. "Não podemos ficar em silêncio em relação a este tema, que afeta negativamente tantas pessoas. A violência não tem espaço nos lares, assim como não tem espaço no esporte. O futebol tem o poder de retransmitir mensagens sociais importantes e, por meio da campanha #SafeHome (#CasaSegura), queremos assegurar que as pessoas que estão sofrendo violência tenham acesso aos serviços de apoio que necessitam".

"Assim como a violência física, sexual ou psicológica não tem espaço no futebol, ela também não tem espaço em casa", disse o Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde. "Estamos muito satisfeitos de que os nossos parceiros se unam a nós agora para chamar atenção para este problema crucial. Como as pessoas estão isoladas em casa devido à COVID-19, o risco da violência doméstica foi tragicamente agravado".

"A violência não tem espaço nas nossas sociedades", disse Mariya Gabriel, comissária europeia de Inovação, Pesquisa, Cultura, Educação e Juventude. "Os direitos das mulheres são direitos humanos e portanto devem ser protegidos. Com frequência, as mulheres e as crianças abusadas ficam receosas de falar por medo ou vergonha. Essa 'janela' para se manifestar e buscar ajuda é ainda mais restrita durante o confinamento. Na verdade, a violência doméstica observa um aumento desde a epidemia de COVID-19. É nossa responsabilidade como sociedade e como instituições nos pronunciarmos por essas mulheres, dar confiança e força a elas. Esta é a finalidade dessa campanha conjunta, da qual me sinto honrada de participar".

"Exortamos as nossas federações-membro a divulgar ativamente os contatos dos serviços telefônicos de ajuda ou dos serviços de apoio locais ou nacionais que podem ajudar as vítimas ou qualquer pessoa que se sinta ameaçada de sofrer violência onde vive", acrescentou o presidente da FIFA. "Também exortamos os nossos membros a analisar as suas próprias medidas de proteção usando o kit FIFA Guardians para assegurar que o futebol seja divertido e seguro para todas as pessoas do nosso esporte, especialmente os membros mais jovens da família do futebol".

Nas suas cinco partes, a campanha de conscientização em vídeo traz 15 jogadores e jogadoras do passado e do presente – Álvaro Arbeloa, Rosana Augusto, Vítor Baía, Khalilou Fadiga, Matthias Ginter, David James, Annike Krahn, Marco Materazzi, Milagros Menéndez, Noemi Pascotto, Graham Potter, Mikaël Silvestre, Kelly Smith, Óliver Torres e Clémentine Touré –, que enfatizaram o seu apoio ao abordar esse problema crucial. A campanha está sendo publicada nos diversos canais digitais da FIFA. #SafeHome também terá o apoio de kits multimídia para as 211 federações-membro da FIFA e para os diversos veículos de comunicação para ajudar a facilitar a localização adicional da campanha e amplificar a mensagem ainda mais por todo o mundo.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a FIFA assinaram em 2019 uma colaboração de quatro anos para promover mundialmente estilos de vida saudáveis por meio do futebol. Mais informações sobre o memorando de entendimento OMS-FIFA podem ser encontradas aqui. As duas organizações lançaram conjuntamente a campanha "Passe a mensagem para expulsar o coronavírus" em março de 2020 para compartilhar conselhos sobre as medidas eficazes para proteger as pessoas da COVID-19. A ela, se seguiu a campanha #BeActive (#FiqueAtivo) em abril de 2020, para incentivar as pessoas a se manterem saudáveis em casa durante a pandemia.

Ficha

Segundo a OMS, a violência é um problema generalizado de saúde pública e direitos humanos em todo o mundo. Afeta mulheres, homens, meninos e meninas em todos os países e ultrapassa os limites de idade, raça, religião, etnia, deficiência, cultura e renda. Estatisticamente, mulheres e crianças (tanto meninos quanto meninas) são as mais afetadas pela violência em casa, que frequentemente é perpetrada por homens conhecidos e em quem elas confiam.

Dados (Fonte: OMS)

  • Quase uma em cada três mulheres em todo o mundo sofreram violência física e/ou sexual por parte de um parceiro íntimo ou sofreram violência sexual, excluindo o assédio sexual, por parte de qualquer agressor
  • Mundialmente, 30% das mulheres sofreram violência física e/ou sexual de um parceiro íntimo durante a sua vida
  • Mundialmente, até 38% dos assassinatos de mulheres são cometidos por parceiros íntimos
  • Meninas adolescentes, mulheres jovens, mulheres que pertencem a minorias étnicas ou outras minorias, mulheres trans e mulheres com deficiências enfrentam um risco maior de sofrer formas diferentes de violência
  • A maioria (55% a 95%) das mulheres que sobrevivem à violência sexual ou à violência por parte de um parceiro íntimo não a revela nem busca qualquer tipo de ajuda ou serviço
  • Ser abusado quando criança ou exposto à violência na família durante o crescimento e atitudes de aceitação da violência e da desigualdade de gênero – incluindo as normas de gênero – aumentam o risco de que se perpetre violência contra uma parceira. Em algumas situações, a violência é associada ao uso excessivo de álcool
  • Mundialmente, mais de um bilhão de crianças – mais da metade de todas as meninas e meninos entre 2 e 17 anos de idade – sofrem algum tipo de violência emocional, física ou sexual todos os anos
  • A prevalência do abuso sexual infantil ao longo da vida é de 18% para as meninas e 8% para os meninos
  • O homicídio está entre as cinco maiores causas de mortes entre adolescentes, sendo que os meninos respondem por mais de 80% das vítimas e dos agressores
  • Também há dados regionais. Por exemplo, estima-se que na Europa uma em cada cinco crianças (20%) sofreram abuso sexual e que, na região europeia da OMS, um quarto das mulheres entre 15 e 49 anos sofreram violência por parte do parceiro íntimo ao longo da vida. Na América Latina e no Caribe, estima-se que 58% das crianças sofrem violência sexual, física ou emocional a cada ano e que 30% das mulheres sofreram violência por parte do parceiro íntimo ao longo da vida.
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