Hoje completamos 17 anos sem Serginho

RELATO DO JORNALISTA LUCIANO LUIZ

27/10/2021  

RELATO DO JORNALISTA LUCIANO LUIZ

- Era mais um jogo somente, importante é verdade por se tratar de um adversário forte em um estádio histórico do Brasil, mas naquele momento era só mais um jogo para aquele time que se transformara em um gigante do futebol brasileiro. O time tinha acabado de conquistar o Campeonato Paulista da primeira divisão, seu elenco era considerado uma força não só na esfera estadual mas em todo país o time era visto com imenso respeito.

Estava eu atrás do gol, repórter da Rádio Tupi de São Paulo. Na época estava como setorista do Palmeiras mas por ter uma ligação forte com o São Caetano fiquei cobrindo o Azulão naquele jogo com a amiga jornalista Barbara Tellini que cobria o São Paulo. Quando vi o Serginho caindo, imaginei que era para dar uma segurada no jogo, mas logo comecei a me preocupar com o desespero do Silvio Luiz, Anderson Lima e alguns atletas do São Paulo que estavam ao lado. Ele era um grande amigo, tínhamos uma amizade de conversar sobre família e assuntos que não só o futebol. Eu quase entrei no gramado pois ali estava caído um amigo e não um jogador. Enquanto isso a transmissão seguia e eu entrando o tempo todo falando e tentando transformar em palavras o que estava vendo há poucos metros. De repente a coisa foi ficando mais tensa, jogadores pedindo que a ambulância entrasse em campo e o dr Paulo já em massagem no peito em ritmo acelerado. realmente a coisa não estava no controle.

Finalmente o colocam em uma ambulância e ele sai do estádio, eu sem condições nenhuma de seguir meu trabalho peço e sou imediatamente atendido pela direção da emissora para deixar a transmissão. Entrei em um carro com um diretor do clube e vamos para o hospital.

Ao chegar no São Luiz, já com muitos jornalistas na porta eu vou entrando e quando me questionaram sobre o fato de ser da imprensa, me identifico como amigo e ao lado de alguns atletas entramos para a área de espera onde ficamos em minutos de agonia até que a confirmação da tragédia vem a nós.

Foi um dos momentos mais difíceis da minha carreira profissional. Serginho era um cara simples, adorava conversar e não era fã de entrevistas. Gostava de fazer os amigos sorrirem, mesmo sendo muito tímido diante de muitas pessoas. 

A partir dessa fatalidade muita coisa mudou no futebol brasileiro, por conta disso o desfibrilador é obrigatório em todas as partidas em todas as categorias.

Xerife, Jagunço, Guerreiro...foram várias as formas que eu me referia a ele em nossas conversas e a gratidão pelas boas lembranças e boas apresentações dele pelo Azulão serão eternas em minha vida.

Saudades Serginho.

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