A Seleção Brasileira vive um dos momentos mais conturbados de sua história
recente. Sob a gestão do presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, o
pentacampeão mundial enfrenta uma crise que vai além dos resultados em
campo, revelando problemas estruturais que ameaçam sua hegemonia no
cenário internacional.
A ausência de um treinador definitivo desde a saída de Tite após a Copa do
Mundo de 2022 criou um vácuo de liderança técnica que se reflete diretamente
nos resultados. Ramon Menezes assumiu interinamente, mas não conseguiu
impor sua filosofia. Em seguida, veio Fernando Diniz, que dividiu atenções com
o Fluminense, gerando uma instabilidade que agravou ainda mais a situação.
Com a demissão de Dorival Junior, a Seleção se encontra novamente sem
comando técnico, em um momento crítico das Eliminatórias para a Copa do
Mundo de 2026. A campanha brasileira na competição é considerada uma das
piores da história, com derrotas inéditas em casa e atuações que estão longe
de honrar a tradição do futebol brasileiro.
A atual conjuntura da Seleção Brasileira também se reflete na qualidade
questionável da safra de jogadores convocados. A falta de identificação do
torcedor com muitos atletas que vestem a amarelinha cria um distanciamento
emocional preocupante. O brasileiro já não reconhece seu estilo de jogo
naqueles que deveriam representar o país.
A excessiva dependência de Neymar tornou-se outro problema crônico. O astro
pop star, que parece mais preocupado com sua imagem fora dos gramados do
que com seu desempenho esportivo, não consegue sozinho carregar o peso de
uma nação acostumada a vitórias. Com sua ausência por lesão, ficou evidente
a falta de lideranças técnicas capazes de assumir esse protagonismo.
A gestão de Ednaldo Rodrigues enfrenta críticas crescentes pela demora na
definição de um novo treinador e pela falta de um projeto consistente de longo
prazo. A CBF parece navegar sem bússola, tomando decisões reativas que
não solucionam os problemas fundamentais.
O cenário atual exige medidas urgentes. A definição de um treinador de calibre
internacional é apenas o primeiro passo. É necessário estabelecer uma filosofia
de jogo que resgate a essência do futebol brasileiro, invista na formação de
novos talentos e reconstrua a conexão emocional com o torcedor.
Especialistas apontam que a crise atual não é apenas técnica ou tática, mas de
identidade. O Brasil parece ter perdido sua alma futebolística, aquela ginga que
o diferenciava das demais seleções e encantava o mundo. Recuperar essa
identidade é talvez o maior desafio da gestão de Ednaldo Rodrigues.

A classificação para a Copa do Mundo de 2026, que antes parecia uma
formalidade, agora representa uma preocupação real. Cada jogo das
Eliminatórias ganhou contornos dramáticos, e a pressão sobre os atletas
aumenta exponencialmente.
O futuro da Seleção Brasileira depende de decisões assertivas da atual
diretoria. A torcida, cansada de promessas não cumpridas, exige resultados
imediatos, mas também um planejamento sustentável que devolva ao Brasil o
protagonismo no cenário mundial.
O tempo urge. Enquanto outras seleções avançam com projetos bem definidos,
o Brasil permanece estagnado, refém de uma gestão que até agora não
demonstrou capacidade de reverter este quadro preocupante. O legado de
Ednaldo Rodrigues na CBF será julgado pela história, mas o presente já indica
que mudanças profundas são necessárias para recolocar o Brasil no caminho
das vitórias.
ROBERTO MAIA É JORNALISTA, ESCRITOR, CRONISTA ESPORTIVO E EDITOR DO
PORTAL TRAVELPEDIA.COM.BR