Qualquer forma de preparação para futuras emergências deve ser pensada de forma multissetorial. Precisamos de um esforço global para que alcancemos um instrumento para lidarmos com essas situações”. Com esse recado, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, abriu a Cúpula Global de Preparação para Pandemias 2024. O evento acontece nesta segunda (29) e terça-feira (30), no Rio de Janeiro, e co-patrocinado pelo Ministério da Saúde do Brasil, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Coalizão para Inovações em Preparação para Epidemias (Cepi).
A cúpula reúne especialistas em pesquisa e desenvolvimento, funcionários de governos, representantes da sociedade civil e líderes de organizações globais de saúde e do setor produtivo da saúde de todo o mundo.
Na pauta do encontro estão três temas centrais da agenda global de preparação para pandemias:
- Acesso equitativo a vacinas, medicamentos e outras tecnologias em saúde por meio da diversificação geográfica e fortalecimento da pesquisa e desenvolvimento e da produção local e regional;
- Aprimoramento da vigilância global de doenças;
- Cumprimento da missão dos 100 dias para vacinas, diagnósticos e terapêuticas.
Na oportunidade, a ministra aproveitou para apresentar aos participantes as ações do Brasil em prol do acesso equitativo a insumos e medicamentos - tema prioritário na gestão brasileira à frente do Grupo dos 20 (G20).
Nísia ressaltou que a Aliança Global para Produção Local e Regional, Inovação e Acesso do G20 pode ter um papel fundamental na prevenção, preparação e resposta a uma nova pandemia, já que a cooperação se concentrará na criação e fortalecimento de plataformas tecnológicas que produzirão vacinas, medicamentos e diagnósticos, além de outras tecnologias em saúde relevantes, como uma rede das redes.
Ela citou como exemplo de ação o novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC). O programa prevê uma série de medidas em saúde nos próximos anos, divididas em como atenção primária, atenção especializada, telessaúde e o complexo econômico-industrial da saúde, e inclui discussões sobre um Centro de Inteligência Genômica (Cigen) e o investimento significativo na rede de laboratórios centrais, que busca fortalecer a capacidade de diagnóstico e monitoramento epidemiológico do nosso país.
“Uma palavra que sintetiza os desafios contemporâneos é desigualdade. Vivemos em um mundo com múltiplas e sobrepostas crises: climática, sanitária, econômica, alimentar, energética”, destacou a ministra, ao conclamar os países a refletirem sobre a necessidade de um investimento robusto para o tema.
Por fim, Nísia reiterou o compromisso do Governo Brasileiro em contribuir para um Acordo de Pandemias significativo e ambicioso, e que traduza equidade e solidariedade em ações concretas para garantir acesso justo a produtos para enfrentamento a pandemias e outras emergências de saúde.
Encontros bilaterais
Durante o evento, a ministra da Saúde participou de reunião bilateral com Mike Ryan, vice-diretor geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) e diretor executivo do Programa de Emergências da organização.
Na oportunidade, Ryan agradeceu o empenho do Brasil nas negociações do acordo de pandemias e enfatizou a necessidade de compromisso permanente com preparação para emergências sanitárias.
Trindade também participou do ato de assinatura do acordo entre Fiocruz e a Coalizão para Inovações em Preparação para Epidemias (Cepi), o que ajudará a expandir e diversificar as capacidades de fabricação de vacinas da Fiocruz e melhor equipar a região para responder a futuras ameaças de pandemias.
Painel com especialistas
A Cúpula realizada no Rio também conta com a realização de painéis temáticos. A secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, participou do bloco “Estado de vigilância: progresso, lacunas e oportunidades”.
“As lições da covid-19, principalmente no Brasil, foram muitas e intensas. Hoje, temos uma Secretaria de Vigilância em atuação com ambiente para que façamos essa vigilância de forma compartilhada”, disse Ethel, ao debater sobre a influência das questões climáticas nas pandemias.
Na sequência, o secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Complexo Econômico Industrial, Carlos Gadelha, fez sua apresentação. Gadelha discutiu questões de capacidade produtiva e apresentou a proposta brasileira no G20 de criação de uma Aliança para a Produção Regional e Inovação.
“O Brasil tem uma trajetória longa de apoio à produção e tecnologia locais. Não dá para separar a sociedade do mundo econômico, da tecnologia, da ciência e da inovação”, finalizou.